Dólar a R$5,00. E agora, vai subir ou baixar?

O dólar comercial encerrou a sessão do dia 23/02/2022 em queda de 0,94%, a R$5,0037, após ficar abaixo da barreira psicológica dos R$5 mais de uma vez durante o dia. Esse foi o menor nível desde 30 de junho de 2021, quando encerrou em R$4,9728.

Esse movimento está acontecendo devido ao ingresso de recursos estrangeiros e da repatriação de investimentos de locais, que seguem intensos desde o início do ano.

Lá fora, o real acabou liderando os ganhos entre as divisas emergentes em relação ao dólar americano.

O diferencial de juro da economia brasileira com o exterior tem aumentado, e isso é visto por analistas como um dos principais fatores para a recente valorização do real, que já ganha cerca de 10% ao ano.

As moedas dos mercados emergentes se recuperaram no início do ano, mas essa tendência não deve continuar por muito mais tempo, podendo ocorrer um enfraquecimento das moedas emergentes ao longo de 2022 e até 2023, principalmente moedas associadas a fundamentos subjacentes frágeis e políticas locais instáveis, dizem analistas.

Conforme declaração de especialistas da área, o real brasileiro e o peso chileno estão sendo negociados em níveis inconsistentes com os fundamentos e acreditamos que ambas as moedas reverterão o curso no futuro próximo, à medida que os desenvolvimentos políticos locais se tornarem precários.

Com o aumento das tensões entre Rússia e Ucrânia, o movimento de hoje(23/02/2022) se deu pela recuperação dos ativos de risco internacionais, após sanções anunciadas para a Rússia na véspera, terem sido lidas como menos graves do que o esperado pelo mercado, afirmam analistas.

Os analistas do mercado financeiro também têm afirmado que o que dá suporte ao real é que os mercados globais vêm atravessando uma fase de “rotação de carteiras”, onde os investidores estão migrando de ativos de crescimento (que têm potencial de gerar continuamente grandes retornos e operar com desempenho acima da média do mercado, como, por exemplo: empresas de tecnologia e de varejo) para ativos de valor (com potencial de maximização de retornos por serem consideradas subvalorizadas, ou seja, abaixo do que seria o seu valor intrínseco ou “real”, caso predominante das ações brasileiras).

Os sinais de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) de que haverá um ciclo de alta de juros mais rápido nos Estados Unidos também contribuíram com o ajuste nos preços de papéis de tecnologia e uma migração dos investidores para ativos de valor.

A entrada de recursos estrangeiros na B3 demonstra a demanda de ativos de valor desses investidores. O acumulado mensal de influxo alcançou R$,31 bilhões e o anual chegou a R$55,80 bilhões, segundos dados da B3 de 18 de fevereiro.

Outro motivo para a apreciação do real é o diferencial de juros da economia brasileira com o exterior. A taxa básica de juros Selic definida pelo Banco Central que hoje está em 10,75% e os economistas estão estimando uma taxa de 12,25% a 13% até o fim do ano.

Os profissionais de mercado notam que o real retomou o status de “carry trade”, ou seja, operação financeira de arbitragem que obtém retornos explorando a diferença entre as taxas de juros interna e externa.

No entanto, o forte fluxo de capital estrangeiro não é considerado recorrente, mas sim um “smart money”, ou seja, oportunista, especulativo, volátil, de natureza passageira, que não gera desenvolvimento, e que a qualquer momento pode ir embora. Ou seja, é diferente do fluxo de investimento estrangeiro direto.

Também é importante dizer que na época em que o juros estava em mínimas históricas muitos investidores brasileiros investiram no exterior e agora, com a Selic em níveis mais altos, estão retornando para o mercado brasileiro.


E agora, o Dólar vai subir ou baixar?


No cenário interno, o que estava causando temor era as eleições, mas até agora todos candidatos estão se alinhando com ideias mais ao centro, o que para o mercado não é muito problema. Como também, será a primeira eleição com o Banco Central independente, o que dá mais segurança para o mercado entender que não haverá grande fuga recursos e, portanto, não haverá uma grande desvalorização do real.

Já no cenário externo, a preocupação fica por conta dos Estados Unidos, se o Fed fizer a partir de março – quando começará o ciclo de alta do juros nos EUA, um aumento gradual de 7 vezes de 0,25% ao longo do ano, totalizando uma taxa de 1,75%, como o mercado acredita, o real não corre risco de desvalorização. Mas, se o Fed aumentar o juros de forma mais abrupta chegando a 2% no final do ano, o dólar pode atingir o valor de R$6,00. Lembrando que a taxa de inflação dos EUA ficou em 7% em 2021, a mais alta em 40 anos, o que pode motivar um aumento de juros mais severo por parte dos EUA já em março, com um aumento de 0,50% logo no início do ciclo, o que certamente pressionará o câmbio brasileiro.

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