Bolsonaro Perde Apelo no Mercado Financeiro

Profissionais do mercado financeiro acreditam que mais quatro anos do governo Bolsonaro significaria a depreciação do chamado “kit Brasil”- com desvalorização das ações, do real e alta dos juros. Por isso, para algumas casas, a reeleição é vista como um risco maior diante de qualquer outro candidato que se mostre competitivo.

O desgosto pelo governo Bolsonaro começou a ganhar força depois que o teto de gastos começou a ser desmontado, fragilizando os pilares da responsabilidade fiscal.

Uma terceira via como opção seria o mais desejado para quebrar a polarização entre Lula(PT) e Bolsonaro. No entanto, entre os analistas, a ideia é que a aproximação do petista com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, se concretizada, impediria a formulação de uma terceira via com força o suficiente para competir nas eleições.

Ainda há de se dizer, que os estrangeiros estão portando quantias significativas de capital no Brasil, a combinação de valorização do câmbio, devido a alta de juros, com ativos brasileiros baratos, tem sido um chamariz para o estrangeiro, que também mira no pós pandemia e na alta de commodities. E, lá fora, Lula é visto com mais simpatia pelos investidores estrangeiros do que Bolsonaro, segundo especialistas do mercado.

Profissionais brasileiros têm ressaltado que o governo entrou no seu último ano recorrendo a um “populismo eleitoreiro barato”, irresponsável e que lembra “as piores práticas do governo petista”. Evidenciando uma espécie de “terraplanismo econômico”, com suas mensagens que vão da “ação deliberada para atrasar a vacina” passa pela “marcha forçada” do Ministério da Economia para destruir o teto de gastos, até o chamado “meteoro dos precatórios” representando a destruição completa da credibilidade da Lei de Responsabilidade Fiscal, com medidas para acomodar gastos com o fundo eleitoral e emendas parlamentares, sob a desculpa de atender os mais pobres com o Auxílio Brasil, segundo especialistas do mercado.

Hoje, o sentimento no mercado financeiro é que um novo governo Bolsonaro significaria a continuidade dessa zorra fiscal e com chance de piorar, por que este governo está agarrado ao poder, e já se sabe como age pelo jeito que tocou a pandemia e a economia, afirmam especialistas.

Começa a se formar no mercado a percepção de que um governo petista seria mais próximo do que se viu no período entre 2002 e 2010, e não necessariamente reeditaria as políticas consideradas mais desastrosas da dupla Dilma Roussef e Guido Mantega, entre 2010 e 2016.

O mercado estava otimista no início do governo Bolsonaro que parecia que ia tocar as reformas iniciadas pela equipe de Michel Temer e respeitar o teto de gastos, o que garantiria um prêmio de risco mais baixo e um ambiente mais favorável para atrair o capital privado. No entanto, essa lua de mel acabou quando, o sob o pretexto de reformar o Bolsa Família com o Auxílio Brasil, o governo começou a colocar na pauta a redução de subsídios, o aumento de impostos, a taxação de dividendos, sem qualquer proposta que representasse uma agenda para o país ganhar competitividade. Em pouco tempo, o governo disse que precisaria de uma nova fonte para estimular o consumo e com isso criar a percepção de aumento da popularidade, para garantir ser lançado para a reeleição. Ali começa a desmontar a percepção de que esse governo iria trazer a queda do prêmio de risco, tornar a curva de juros menos íngreme e levar o Brasil para trajetória do seu “PIB” potencial.

Quanto à política de juros alto, nem com Bolsonaro, nem com Lula, há indícios de que será diferente, pois o Brasil tem metas austeras para conter a inflação, e o principal instrumento para fazer isso é o uso da taxa de juros. Por isso, ainda há um pouco de resistência quanto ao Lula, pois o mercado prefere taxas de juros mais baixas, e que com Bolsonaro e Lula a política monetária seria semelhante em ambos os casos.

O investidor estrangeiro não parece estar muito preocupado com o resultado das eleições, o que acontece lá fora é que o investidor está mais otimista em relação a recuperação econômica no pós pandemia e no boom de commodities que o reaquecimento da economia pode gerar. No entanto, a falta de um plano de desenvolvimento de país do governo Bolsonaro faz com que ele caia em desgosto pelo mercado, o que no caso do Lula, se seu governo for parecido com o do período de 2002-2010, há indícios que sua preocupação com a macroeconomia será maior. No entanto, Lula também tem tendência de tomar medidas populistas e quebrar o teto de gastos, mas sua visão de país parece ser mais responsável.

Logo, e de qualquer forma, o investidor parece estar entre a cruz e a espada.

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