Ômicron e Incertezas Fiscais Faz Ciclo de Alta de Juros Chegar ao Fim

 

Em evento promovido nesta quinta-feira pelo banco Santander o presidente do Banco Central (BC) Roberto Campos Neto afirmou que a curva de juros no Brasil mostra que o ciclo de alta está chegando ao fim. Ainda que, continua existindo uma “onda” de aumento dessas taxas no mundo, afirmou.

Campos Neto afirmou que a tendência agora é a curva de juros ficar plana, a parte longa da curva precifica questões fiscais. Falou que há uma onda de alta de juros em diferentes países porque a inflação cresce no mundo todo, e que todo mundo está prestando atenção na maneira que o FED (banco central americano) vai lidar com o seu balanço, mas não há como saber como isso vai se desenvolver.

Disse que a variante ômicron trouxe algumas interrupções na cadeia de oferta, mas nada significativo. Também destacou que o vírus se espalhou rápido, porém hospitalizações diminuíram, mas ainda há muitas pessoas que não se vacinaram.

O presidente do BC notou que o ritmo de crescimento do Brasil perdeu força e que as economias avançadas e emergentes estão convergindo e que o principal desafio é tentar ver o período pós-pandemia e como será o crescimento.

Disse que a transição entre serviços e bens mostra um deslocamento da demanda em direção a bens e que o debate sobre gargalos está chegando a conclusão que é mais demanda do que oferta. Também observou que o crescimento estrutural baixo da economia pode gerar aumento de prêmio de risco fiscal. Afirmou que a principal questão não é se o fiscal vai ser +1% ou -1% primário ou que vai acontecer em 2022.

Análise

O Ômicron trouxe incertezas para o mercado, ainda que seja uma variante menos letal levou muitos trabalhadores a se hospitalizarem e/ou a se ausentarem de seus postos de trabalho, causando mais uma vez gargalos nas linhas de suprimentos e serviços. Isso aliado aos estímulos de liquidez para a economia trouxe inflação para o mundo todo e principalmente para o Brasil.

Com a inflação em alta, e uma taxa de juros elevada, o que cria dificuldade do acesso ao crédito pelos empresários e consumidores, o crescimento econômico diminui, e começa a haver risco fiscal para o Brasil. Ou seja, o governo pode arrecadar menos do que precisa para pagar seus gastos. E essa parece ser a principal preocupação para o presidente do BC.

Com o risco fiscal dando as caras, a economia não poderá mais ser desestimulada com aumento da taxa de juros, ou seja, a economia não poderá ser desacelerada agora em hipótese alguma, por isso, a preocupação com o balanço do FED, que poderá afetar o ritmo de crescimento aqui no Brasil e desacelerá-lo.

Mesmo que haja um excesso de liquidez no mercado gerando um aumento da demanda (devido aos estímulos econômicos) e esta cause gargalos na cadeia de suprimentos, ou não. Esta demanda não poderá mais ser desestimulada. Assim, na visão do presidente do BC, no momento atual, o ritmo de crescimento gerado pelos estímulos econômicos deve ser mantido a uma da taxa de juros estabilizada. Demonstrando precaução com o Fed e o mercado interno, como também, com o risco que surjam novas variantes a qualquer momento, e portanto, um aumento na taxa de juros para retirada de liquidez na hora errada pode ser contraproducente para o risco fiscal. Consequentemente, a inflação deve perdurar ainda em 2022.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Tendência do Mercado Financeiro para esta Semana – 22/05/2023