Alta do Petróleo Pode Levar a Aumento do Preço de Combustíveis

Com a alta do preço do barril de petróleo no mercado internacional, a Petrobras pode anunciar novos reajustes nos preços dos combustíveis no mercado brasileiro nos próximos dias, concluem analistas.

Os preços do diesel e da gasolina no mercado interno chegaram a uma defasagem de 10% em relação à paridade internacional na semana passada. Na sexta-feira(04/02/2022), o barril de petróleo tipo Brent, referência internacional, e o WTI, índice americano para a commodity, deixaram a marca de US$90 pela primeira vez desde 2014.

Quando há aumento do barril a defasagem dos combustíveis tende a aumentar. O câmbio atual pode fazer com que esse aumento seja menor, ocorrendo uma compensação, mas não reduz significativamente a defasagem, afirmam analistas.

O preço do Brent teve maior influência nas últimas semanas sobre os preços internos de combustíveis no Brasil. O preço do barril se elevou mais do que a queda do dólar, e os custos de serviços e equipamentos para a produção de petróleo também está aumentando devido a própria alta do petróleo, algo que a Petrobras e outras empresas devem se preocupar ao longo de 2022, dizem especialistas na área.

Em janeiro deste ano o diesel importado dos EUA pelo Brasil chegou a US$117 por barril, maior preço da paridade desde novembro 2018. Apesar de o dólar estar fraco, recentemente, em relação ao real, e isto, permita algum alívio para os importadores de combustível americano, o atual cenário é de preços absolutos altos, conforme especialistas.

Na quinta-feira(03/02/2022), o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, reafirmou em evento promovido pelo Credit Suisse que a companhia evita repassar reajuste conjunturais nos preços aos consumidores. No entanto, o executivo, também ressaltou que a Petrobras precisa continuar a seguir a paridade com os preços internacionais, caso contrário, o mercado pode ter problemas de desabastecimento com o enfraquecimento da atuação de importadores.

O último reajuste realizado pela Petrobras nos preços de venda para as distribuidoras nas refinarias ocorreu no dia doze de janeiro. A gasolina passaria a ser vendida ao preço médio de R$3,24 por litro, alta de 4,85%. O diesel passou a ser vendido ao preço médio de R$3,61 por litro, alta de 8,08%.

O preço do Petróleo se recuperou nos últimos meses no mercado internacional pelo fato de que a retomada da demanda por derivados no pós-pandemia estar ocorrendo de forma mais rápida do que o aumento da produção, que segue restrita em países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo(Opep) e aliados, além dos Estados Unidos. Outro fator que tem dado motivos para a alta dos preços no mercado internacional é a incerteza geopolítica sobre o comportamento da Rússia em relação à Ucrânia.

A tendência é que os preços do barril continuem altos nos próximos meses, e é possível que o tema dos preços dos combustíveis fique no centro do debate da corrida eleitoral no Brasil este ano. Pois, é difícil que os choques internacionais não atinjam o mercado brasileiro. O dólar está ajudando, mas está muito relacionado ao ciclo de expectativas do país, o que deixa o câmbio sem poder segurar a compensação dos preços globais de forma confiável.

Dentro desse contexto, o governo federal está tentando articular o envio de uma emenda constitucional (PEC) ao congresso para zerar tributos sobre combustíveis, sem necessidade de compensação com a elevação de outros impostos. Os esforços ocorrem no momento em que o presidente Jair Bolsonaro busca a reeleição.