Rússia invade Ucrânia. E, agora?

Com a invasão da Rússia a Ucrânia o mercado reage aumentando à aversão ao risco, onde, as moedas dos países emergentes começam a se desvalorizar e o Dólar a se fortalecer. Tudo isso, devido a fuga dos investidores a ativos de qualidade, considerados mais seguros, como os títulos americanos, que começam a se valorizar.

O destino preferido desses investidores são as treasuries, como por exemplo, a treasury de 2 anos que apresenta uma queda de juros significativa, e a treasury de 10 anos, que tinha ido a quase 1,9% e também cedeu, mostrando que as treasuries tanto curtas quanto longas estão ganhando força.

 Desvalorização moedas estrangeiras e o Real Brasileiro.


Também, já há consenso no mercado que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) não vai mais subir de forma abrupta os juros por conta do conflito Rússia e Ucrânia, a tese de que o Fed só vai aumentar o juros em 0,25p.p. ganha força. Já está decidido pelo mercado que o banco central dos EUA não vai ter coragem de dar um choque de juros num cenário como este.

Outro fator importante, é o custo do choque de petróleo na economia global. Especialistas estão afirmando que o barril tipo Brent pode chegar a U$125,00 e isto poderia representar uma queda do P.I.B. mundial de 0,5%. A expectativa desse ano é que o P.I.B. mundial cresça entre 3,5% a 4,0%, devido a alta do petróleo. O que reforça a tese de que o Fed não vai dar um choque de juros como se pensava antes do início do conflito.

 Aumento das commodities após Rússia ir para guerra.

Também, não podemos deixar de mencionar, o aumento repentino de todas as commodities que, como o petróleo, envolvam o ciclo de produção da Rússia e a Ucrânia, como por exemplo: o trigo (que ambos os países são produtores mundiais) teve forte alta, o gás natural (que a Rússia vende para a Europa através das linhas Nord Stream, do qual a Europa depende em 30% a 40% para sua matriz energética) também teve uma forte alta.

Exportadores de Petróleo cru (2019).
 

Para o Brasil, a onda inflacionária causada pelo choque de oferta (aumento dos custos de produção) e dólar caro, se agrava. O aumento do petróleo e seus derivados, e a taxa de câmbio pressionada, vão elevar os custos de produção e logística encarecendo todos os produtos e serviços de consumo do brasileiro, criando mais dificuldade para o Banco Central do Brasil (BC) controlar a inflação que é causada mais pelo custo de oferta do que pela demanda.

Exportadores de trigo(2019).

 
Quanto à taxa de câmbio, o BC disse estar preparado para atuar no mercado de câmbio em caso de contaminação desproporcional dos preços, destacando que está atento aos recentes desdobramentos no exterior após a invasão da Ucrânia pela Rússia.

O Comitê de Estabilidade Financeira do banco central, que se reuniu na quinta-feira, também salientou que a exposição do sistema financeiro nacional aos efeitos das atuais tensões geopolíticas internacionais é “baixa”, dada a reduzida exposição cambial do país e a dependência de financiamento externo.

"O Comitê está atento à evolução recente do cenário internacional e segue preparado para atuar, minimizando qualquer contaminação desproporcional sobre os preços dos ativos locais, em especial pelo canal do mercado cambial", escreveu em comunicado.

De acordo com o banco central, "a carteira de crédito continua com bom desempenho, as provisões para perdas de crédito são adequadas e os bancos permanecem líquidos e bem capitalizados".

Na quinta-feira, o secretário do Tesouro brasileiro, Paulo Valle, também disse que o país está bem posicionado para enfrentar qualquer volatilidade internacional.

O real brasileiro caiu 1,99% em relação ao dólar em reação a um aumento na aversão ao risco global. Ainda assim, continua entre as moedas de melhor desempenho do mundo até o momento, com entradas financeiras sendo atraídas por avaliações de ações baratas e altos rendimentos de dívida em meio a um aperto monetário agressivo para domar a inflação de dois dígitos.

Os formuladores de políticas aumentaram a taxa básica de juros do país para 10,75%, de sua mínima recorde de 2% em março passado e já sinalizaram a necessidade de aumentos adicionais.

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